segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Opinião - Saudade e elogios - José Aparecido Miguel

Meu querido Dorival Massarenti morreu há cerca de um mês. Era querido, com certeza, de Morungaba em geral. Fará falta, como símbolo e referência que era de nossa estância. Eu o homenageio, e tive a oportunidade de fazê-lo em vida, agradecendo simbolicamente pelo que ele representou para mim. Lembro dele carinhosamente, traduzindo o sentimento de muitos, muitos morungabenses. Era criança, de nove, dez anos. Ia buscar na casa-loja dele, como representante e distribuidor de publicações que era, os jornais que meus pais, donos de açougue e fábrica de lingüiça, assinavam, a gente lia e depois serviam para embrulhar carnes, previamente embaladas em antigos papéis pardos. Era assim.

Ainda com Seu Dorival, com quem o então menino conversava e recebia atenção, eu espiava os jornais. Era tempo de Folha da Manhã (hoje de S. Paulo), Diário da Noite, Diário de S. Paulo - título relançado há pouco tempo - Gazeta Esportiva e o tradicional O Estado de S. Paulo. Acabei trabalhando em dois deles. Meu gosto pelo jornalismo e informação, minha satisfação por escrever, contar um fato, certamente nasceu lá juntinho, dia após dia, muitos dias, com o Seu Dorival, um trabalhador. A bem da verdade, ganhei educação também com a professora Eunice Massarenti, a dona Eunice, sua mulher, que merece a admiração dos morungabenses. O mundo, que tendemos a olhar amargamente, tem gente boa, pessoas maiores. Dorival Massarenti era uma delas. Quando, em outubro de 2000, voltei mais efetivamente a Morungaba, encontrei-me com ele no Correio. Desde menino não o via. Lembrei-o que sou filho do Eleutério e da Helena. Nos abraçamos e ele chorou emocionado. Depois o visitei em casa, falamos outras vezes. Emociona-me sua morte. Muito grato, Seu Dorival, pelo exemplo de pessoa humana bonita que nos deixou.

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Os vereadores de Morungaba aprovaram, por unanimidade, o PMAT (Programa de Modernização Administrativa e Tecnológica), financiado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que dará à Prefeitura a oportunidade de investir em melhoramento de sua infra-estrutura, com evidente reflexo em benefícios para a população. São R$ 178 mil a baixo custo. O programa servirá, também, para a Infovia Municipal, projeto que conta com meu empenho voluntário e pessoal e tem forte apoio da prefeita Maria Cecília Pretti Rossi, mas que precisa ser assumido pelo conjunto de nossa sociedade morungabense. O grupo de vereadores que faz oposição à Prefeita introduziu uma emenda na aprovação do financiamento, que obrigará nova votação a cada caso de remanejamento dos recursos do PMAT. Houve, então, uma unanimidade aparente. Em princípio, é politicamente normal, mas pode dificultar a atuação da Prefeitura. Basta citar que o projeto do PMAT levou dois anos para ser aprovado pelo BNDES. É claro que precisará de adequações. Vamos ver como a Câmara vai agir. Mesmo assim, quero destacar a postura de entendimento político de nossos vereadores e homenagear especialmente um deles - que participou da primeira votação -, o Jair Marciano, conhecido como Jair Avião, que morreu nos últimos dias. Muitos o elogiaram para mim. Jair estava em seu terceiro mandato. Faço referência também aos vereadores, Luiz Fernando Miguel e José Roberto Zem, a quem tive oportunidade de apelar pessoalmente em favor do projeto, considerando a importância do PMAT e da Infovia Municipal. Meu único interesse neste assunto, como cidadão daqui, é o desenvolvimento de Morungaba.

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Encerrando: há quem queira estranhar a minha liberdade de opinião, "de estar se metendo muito nas coisas de Morungaba", como já ouvi. Não me intimida. Vou exercer integralmente a minha liberdade de jornalista e, sempre, de cidadão.


O Morungaba, 2 de maio de 2003 – Publicado também no jornal “Acontece! em Morungaba”.

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