segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Opinião - O futuro dirá - José Aparecido Miguel

O PT acaba de sofrer uma derrota política que somente será sentida com o passar do tempo. O sociólogo Francisco de Oliveira, professor titular (aposentado) de sociologia do Departamento de Sociologia da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), da USP, e coordenador-executivo do Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania-Cenedic-USP, um dos seus fundadores e intelectual dos mais respeitados, o deixou por intermédio de um artigo publicado na Folha de S. Paulo. Ele escreve: "Não votei no PT para que conduza uma política econômica desastrosa, uma caça às bruxas ressuscitadora das piores práticas stalinistas, um conjunto de políticas que fingem ser sociais quando são apenas funcionalização da pobreza". Se fosse crítica da oposição petista, seria motivo de desconfiança. Mas, partindo de Francisco de Oliveira, é preocupante. Ele termina seu artigo citando que o presidente Lula é a liderança carismática responsável pelas transformações registradas no partido. E completa: "Quando a própria liderança carismática não tem consciência desse papel que lhe é imanente, então a política como atividade dos cidadãos corre um sério risco, pois o mito anula a política. Aos cidadãos cabe recuperar o sentido da política e o primeiro e essencial passo é desmistificar o mito".

PROPAGANDA - O jornalista Joelmir Beting, um profissional sério e respeitadíssimo no nosso meio, aceitou fazer propaganda de um fundo mútuo de um banco, como o leitor pode acompanhar pela televisão. Por isso, os jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, mais destacados, deixaram de publicar sua coluna, que continua sendo divulgada em outras publicações de menor repercussão. Ao fazer propaganda, perdeu a isenção para comentar economia relacionada ao banco que divulga e ao sistema financeiro. É o meu entendimento, como o de outros jornalistas. Mas a nossa categoria deveria atentar para um comentário do competente Joelmir Beting, colocado em artigo dele sobre o episódio. "Transparência, eis a questão. Anunciar fundo mútuo, carro zero ou creme dental não faz mal à população. O que, no jornalismo, coloca o povo brasileiro em perigo (e a ética da profissão, na sarjeta) é o antigo e até festejado merchandising jornalístico de caráter político, partidário, ideológico, cultural, religioso, militante. Isso não é informação. É manipulação. Ou desinformação. De tal gravidade que não está sequer em discussão no jornalismo, o agente; e, muito menos, na sociedade, o paciente".

ÁLCOOL - É próprio da propaganda usar a credibilidade de profissionais de destaque para vender seus produtos. Assim é com Joelmir Beting em relação ao banco e com o jogador Ronaldo, um fenômeno do futebol, com a cerveja. Bebida alcoólica, porém, não combina com vida de atleta. Por sinal, tem bares que colocam cartazes informando que o "álcool faz mal à saúde e à sociedade". Mas o vendem. Essa é a nossa sociedade.

COMÉRCIO - A realidade contraria a vontade de que a economia se recupere o mais rapidamente possível, se bem que o presidente Lula venha elogiando o cenário econômico. O volume de vendas do comércio varejista teve em outubro a 11ª queda consecutiva mensal na comparação com o ano anterior, escreve a imprensa. O recuo foi de 3,04% em relação a outubro de 2002. No ano, chega a 4,96%. Pior: segundo o economista Nilo Macedo, do IBGE, só um resultado "excepcional" e improvável nos meses de novembro e dezembro inverteria a situação.

SADDAM NA INTERNET - O presidente George W. Bush, que se beneficia em sua candidatura à reeleição, e os Estados Unidos conseguiram o seu troféu: prenderam o ex-ditador do Iraque, Saddam Hussein. Analistas comentam que a resistência iraquiana sofre um golpe duro, mas que ela prosseguirá. A população iraquiana, como os palestinos e os judeus, segue conceitos religiosos em relação às suas terras. Olham os norte-americanos e seus aliados, no Iraque, como invasores. Ainda sobre a ocupação do Iraque, vale registrar imagens de passado recente – no conflito com o Irã -, mostrando importantes autoridades dos Estados Unidos cumprimentando Saddam Hussein, a quem apoiaram por um período. As imagens estão na Internet.


O Morungaba, 17 de dezembro de 2003 – Publicado também no jornal “Acontece! em Morungaba”.

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