quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Casa com decoração natalina vira atração em Morungaba

O vídeo está no Youtube! Soube dele, inicialmente, por um amigo - o Cláudio Morgado, se não me engano. Reproduzo aqui, lembrando que o 4ª Natal Encantado de Morungaba, promovido pela Prefeitura, foi destacado também. (José Aparecido Miguel). 

Clique no link

http://www.youtube.com/watch?v=kgo4Nz8

4º Natal Encantado de Morungaba recebe Moção de Congratulações da Câmara Municipal de Itatiba

A Câmara Municipal de Itatiba, através de seu presidente, Vitório Bando, enviou ofício à primeira dama e presidente do Fundo Social de Solidariedade de Morungaba, Ana Paula Frare Zem ,   informando  que foi aprovada na seção realizada no dia 27 de novembro, uma “Moção de Congratulações”,  de autoria do vereador Marco Camargo e subscrita pelos demais  vereadores, pela realização do 4º Natal Encantado. Para os vereadores de Itatiba: “É apostando nesse resgate e, na valorização do simbolismo do Natal, que a “4ª edição do Natal Encantado de 2013” deve ser reconhecido como um relevante evento regional, servindo como exemplo a ser seguido a outros municípios”.

A primeira dama Ana Paula Frare Zem, comentou a homenagem prestada pelos vereadores de Itatiba: “Fiquei muito feliz, não por uma vaidade pessoal, é lógico que é muito bom ver nosso trabalho reconhecido, mas por estarmos caminhando rumo a um antigo objetivo: incluir Morungaba definitivamente no roteiro turístico da região. No que se refere à Morungaba, vejo a população mais participativa e consciente da importância do turismo para a cidade e isso é muito bom para todos nós, e eventos familiares como o Natal Encantado vêm se tornando muito procurados, a exemplo de cidades que já o realizam há décadas, sempre com muito sucesso. No mais, quero dividir aqui esse reconhecimento com todos que ajudaram de uma forma ou de outra, no patrocínio, na organização e execução do 4º Natal Encantado de Morungaba. Sei que não foi fácil colocar todos os enfeites na cidade, com tanto capricho da equipe, sei que não foi fácil fazer com que todas as apresentações acontecessem com tanta perfeição, levantar recursos com os patrocinadores, que foram muito receptivos. Mas quando vemos o resultado, sabemos que tudo valeu a pena. Meu muito obrigado a todos. E, finalmente, muito obrigada à Câmara Municipal de Itatiba, na pessoa do vereador Marco Antônio de Camargo, pela lisonjeira lembrança da cidade irmã, Itatiba”, finalizou Paula Zem, segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal da Estância Climática de Morungaba.                                               

MOÇÃO Nº 166/2013, divulgada pela assessoria.


                                 ASSUNTO:CONGRATULAÇÕES AO FUNDO SOCIAL DE SOLIDARIEDADE DE MORUNGABA, ATRAVÉS DA PRIMEIRA-DAMA ANA PAULA FRARE ZEM PELA REALIZAÇÃO DO 4º NATAL ENCANTADO”.
                                 "Senhor Presidente:
A cidade de Morungaba realizou no dia 23 de novembro a sua 4º edição do evento “Natal Encantado 2013”, que contou a inauguração da iluminação de Natal daquele município, com a participação da Banda Marcial FANASA de Itatiba, dos Bonecos de Natal, dos alunos do Projeto de Dança da Ação Social e do Studio de Dança AG.
O evento foi organizado pelo Fundo Social de Solidariedade da Estância Climática de Morungaba, através do empenho e dedicação da Primeira-dama, a Senhora Ana Paula Frare Zem e de seus colaboradores que conseguiram reunir na Praça João Pessoa aproximadamente 2 mil pessoas que se encantaram com as apresentações musicais e, principalmente, com os efeitos especiais dos carros natalinos que proporcionaram a presença de neve (espuma) para a diversão dos presentes.
É apostando nesse resgate e, na valorização do simbolismo do natal, que a “4ª edição do Natal Encantado de 2013” deve ser reconhecido como um relevante evento regional, servindo como exemplo a ser seguido a outros municípios. Assim, reitero essa MOÇÃO DE CONGRATULAÇÕES e admiração pela realização do evento.
                        SALA DAS SESSÕES, 27 de novembro de 2013.

                                     Dr. Marco Antonio de Camargo

                                Primeiro Secretário - Vereador – PROS".

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Opinião - A cara do Brasil - J. R. Guzzo

Basta prestar um mínimo de atenção nas coisas para saber que Campinas, a segunda maior cidade do Estado de São Paulo, com 1,1 milhão de habitantes, santuário da indústria brasileira, polo irradiador de tecnologia e centro nervoso da região produtiva mais avançada do país, é mais ou menos o máximo a que o Brasil pode aspirar no momento, com realismo, em termos de progresso. Foi ali, e na constelação de cidades à sua volta, que o esforço para levar a indústria até o interior teve os seus melhores resultados. O PIB da região metropolitana de Campinas está entre 45 e 50 bilhões de dólares, conforme o critério usado para os cálculos. Equivale ao de todo o Estado de Pernambuco, é maior que o do Ceará e tem o tamanho de um Uruguai inteiro - vale mais, por sinal, que o PIB de pelo menos 110 países espalhados pelo mundo afora. Um terço de tudo o que o Brasil exporta e importa por via aérea passa por Campinas. As cinquenta maiores empresas do mundo têm operações na região metropolitana, um conjunto com perto de vinte cidades. Funcionam em Campinas duas das mais prestigiadas universidades do Brasil, institutos de pesquisa de primeira linha, uma orquestra sinfônica. E ali que está a maior refinaria da Petrobras no Brasil. O PIB per capita da região, nos cálculos mais elevados, está entre 20 000 e 25 000 dólares anuais - mais que o da Grécia ou o do Chile, e o dobro do da Rússia. Seu último IDH foi de 0,805, já na zona tida pela ONU como "elevada".

Campinas, com a sua coleção de virtudes, é a cidade mais desenvolvida do interior de São Paulo, o estado mais desenvolvido do Brasil - um "colosso", como se diz por ali. Enfim, para falar em português claro: muito melhor que isso não fica. Campinas, quando comparada com municípios do mesmo porte no exterior, é o tipo de cidade onde o Brasil conseguiu ficar mais parecido com o Primeiro Mundo. É em lugares como Campinas, em suma, que o Brasil deu "mais certo". E é em lugares como Campinas, ao mesmo tempo, que dá para perceber quanto o Brasil deu errado - e o tamanho do buraco em que estamos metidos. Por quê? É muito simples: em Campinas, esse "colosso" aqui descrito, 30% da população entre 15 e 64 anos - ou seja, praticamente todo mundo - são analfabetos funcionais, gente que não consegue entender direito o que lê num texto simples, não sabe enunciar números com mais de quatro ou cinco algarismos e não tem noções elementares de proporcionalidade. Outros 40%, como dizem educadamente os técnicos em pedagogia, têm apenas um nível "básico" de alfabetização - são aquilo que os leigos chamam de "semianalfabetos". Tira daqui, põe ali, e o que se tem de concreto, goste-se ou não, é o seguinte: não mais que 30% dos habitantes da cidade-sucesso do Brasil são realmente alfabetizados - e podem, assim, se qualificar como cidadãos plenos deste país. Numa sociedade em que a verdadeira divisão de classes está entre os que; têm conhecimento e os que não têm, 70% estão condenados desde já, em grau maior ou menor, a ficar no bloco dos perdedores.

Num ano como este 2013 que ora se encerra, quando o Brasil teve tantas oportunidades para se ver diante de escolhas claras entre o progresso e o atraso, as dramáticas contradições existentes em localidades como Campinas servem para o país olhar com mais sobriedade para si próprio - e admitir que o espelho no qual se enxerga não reflete uma imagem só. Campinas é apenas um exemplo do tipo de crescimento e de progresso com que o Brasil se habituou; mas dezenas de outras cidades brasileiras, talvez até mais, poderiam perfeitamente ser citadas em seu lugar. Ao contrário do mundo desenvolvido, onde mais produção gera apenas mais prosperidade, aqui as cidades mais dinâmicas não conseguem crescer sem atrair pobreza, exclusão social e desigualdade. Se é assim em lugares com os números e o desempenho de Campinas, imagine-se então como andam as coisas na média nacional - ou, pior ainda, onde se vive abaixo dela. Não existe, simplesmente, uma única cidade ou região no Primeiro Mundo onde 70% da população tenha instrução suficiente para executar apenas as tarefas mais simples - e também as mais penosas, mal remuneradas e sem esperanças de melhora. No Brasil, que pretende no momento dar lições de desenvolvimento e avanço social ao resto do mundo, a cidade-símbolo do nosso progresso aceita passivamente viver nessa indigência. Não chegará nunca, desse jeito, aonde tem de chegar; continuaremos, como de costume, a ter uma das dez maiores economias do mundo e ficar ali pelo centésimo lugar em termos de bem-estar real para a população.

Os dados mais recentes sobre a situação desesperadora da educação na mais bem-sucedida cidade do interior paulista estão numa pesquisa da Federação das Entidades Assistenciais de Campinas, e o quadro geral que mostram é ainda mais feio. Um em cada cinco jovens na faixa dos 18 aos 24 anos já é chefe de família, e de toda a população do município com essa idade 60% não estudam - só metade deles, por sinal, chegou a concluir o ensino médio. Não é preciso ter um diploma de sociologia para concluir que muito pouca gente, aí, está a caminho da prosperidade. Mais da metade dos campineiros entre 18 e 24 anos vive em famílias com uma renda per capita que não passa de dois salários mínimos; ou seja, a moçada que está trabalhando em Campinas largou o estudo por uma pura e simples questão de sobrevivência, e não para ganhar uma fortuna como banqueiros de investimento. Em vez de estarem acumulando conhecimento em cursos superiores, como deveria ser a regra para quem vive nessa idade, estão precisando trabalhar em empregos de baixa qualidade para ganhar o seu sustento, e em muitos casos o das famílias que já chefiam. A cada dia que passa, mais longe ficam de aprender as habilidades indispensáveis para entrarem num mercado de trabalho agressivamente tecnológico como o de hoje e, mais ainda, de amanhã.

Não deve surpreender a ninguém, é claro, que no último grande balanço da educação mundial para a garotada na faixa dos 15 anos, o Pisa de 2012 feito pela OCDE, organismo internacional que reúne as maiores economias do mundo, o Brasil tenha ficado em 575 lugar, num total de 65 países avaliados - pior que isso, só mesmo pegando o último. (Como houve uma melhora na nota brasileira em matemática, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, determinou que o teste foi "um grande sucesso" para o Brasil. Aliás, ele já garantiu que a educação brasileira vai tão bem que terá tempo de sobra para participar da campanha pela reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014.) Existe bem mais, nisso tudo, que uma calamidade estatística. Os números de Campinas, por si sós - Deus sabe como os do Brasil, tomado por inteiro, são ainda piores -, servem como pista segura para mostrar a sombria realidade de uma turma que não tem futuro. Antes de completarem 25 anos de idade, já está definido para todos aqueles jovens, salvo exceções, que serão cidadãos de segunda classe até o fim de sua vida.

Eles não terão os mesmos direitos que os outros, que neste momento já estão muito à frente deles, pelo simples motivo de que não terão as mesmas oportunidades. Para a grande maioria deles, estará fechado o acesso ao que em geral se considera as coisas materiais mais compensadoras da vida. Vão ter empregos, em vez de carreiras - isso para os que conseguirem se empregar. Podem ter mais do que tiveram os seus pais, o que é ótimo, mas raramente vão subir muito acima dos degraus onde estão hoje. O governo e seus fãs, aliás, não param de dizer que a rapaziada de Campinas, e seus equivalentes espalhados pelo Brasil, foi beneficiada pelo "maior programa de distribuição de renda", ou de "inclusão social", ou de "vitória contra a pobreza" jamais visto na história universal. Um jovem de 21 anos de idade, com salário mensal de 1000 reais e mulher e filho para cuidar, por exemplo, talvez não perceba bem por que a sua vida está assim tão espetacular, como lhe dizem: mas não tem muita razão para esperar grandes melhoras, levando-se em conta que os donos do governo estão convencidos de que já lhe deram uma enormidade nos últimos anos.

Dizer que o Brasil nunca esteve pior, não "vai para a frente", não tem "solução" e coisas desse tipo é apenas uma tolice que colide diretamente com os fatos. Em cinquenta anos, para tomar um período de tempo redondo, o país melhorou tão extraordinariamente que a realidade brasileira daquela época parece incompreensível para o cidadão de hoje. Mais de 50% da população era analfabeta. Só gente acima da classe média tinha telefone - esse aparelho hoje utilizado na forma de 270 milhões de celulares e 45 milhões de linhas fixas. Para ter um carro, sem ser rico, só sendo motorista de táxi. O Brasil inteiro, cinquenta anos atrás, tinha uma frota total inferior a 500 000 veículos; Campinas, sozinha, tem hoje por volta de 850000. A única estrada asfaltada ligando duas capitais era a Via Dutra, entre o Rio de Janeiro e São Paulo, inaugurada em 1951 - e com pista simples, como é hoje uma estradinha vicinal do interior. Muitas crianças iam à escola descalças, era comum um trabalhador usar roupas remendadas e obras como o Maracanã, por exemplo, eram construídas movendo-se toneladas de cimento em carrinhos de mão. A economia do Brasil era uma piada; o país ia pouco além de uma república bananeira, que mal conseguia se manter na era da energia elétrica. No auge do "milagre econômico" do regime militar, as autoridades falavam no "sonho" de atingir um dia a meta de 2 bilhões de dólares em exportações anuais - cifra que se obtém hoje em três dias. O PIB do Estado de São Paulo, sozinho, é 70% maior que o da Argentina.

O Brasil mudou tanto, na verdade, que acabou por se transformar num outro país - e está melhor, hoje, do que jamais esteve. Mas sua desgraça é que não cresceu nem perto do necessário para sair do subdesenvolvimento, nem com a rapidez de que precisava. Correu muito, sem dúvida, mas não o suficiente para acompanhar o ritmo dos mais rápidos e mais bem-sucedidos - e agora já não consegue acompanhar o passo de quem realmente prospera. É como o corredor na prova de fundo que já deu o seu sprint e não chegou à posição que deveria ter alcançado com esse esforço; não é capaz de dar outro arranque, e com isso vai ficando para trás na comparação com os países bem-sucedidos. Campinas, como se viu, está entre o que o Brasil fez de melhor em cinco décadas - e isso não foi o bastante. O que parece claro, quando se examina a lista dos principais suspeitos de conduzir o Brasil ao ponto a que chegamos, é a presença de um equívoco duplo e mau. Seu primeiro veneno foi a ideia de que bastaria produzir mais para criar uma vasta riqueza que se espalharia sozinha, pela sua própria natureza. A segunda insensatez foi não perceber, na vida política e no mundo pensante, que a concentração de renda e a desigualdade são efeitos, e não as causas, do desastre social do Brasil; essas doenças são a consequência inevitável da concentração do conhecimento e da péssima distribuição dos benefícios de uma educação de qualidade - estas sim os grandes fatores da divisão do Brasil em cidadãos de primeira e de segunda classe - ou terceira, ou quarta, ou quantas se queira.

Treze anos atrás, quando o PT foi para o governo, o filho de um pai rico, que podia pagar-lhe uma educação de primeira, tinha muito mais chance de dar certo na vida do que o filho de um pai pobre, que não podia pagar nada. E hoje - o que mudou nisso? Zero. A diferença continua exatamente a mesma. É uma má notícia para os 70% de campineiros que não chegaram à "alfabetização plena" - e sabe-se lá quantos brasileiros mais. Não existe na história humana o caso de uma sociedade que prosperou, se tornou mais justa e reduziu realmente as desigualdades tendo em sua população tanta gente que não consegue entender o que lê, ou fazer uma conta que vá além do 2 + 2.

O compositor e vocalista Cazuza, numa de suas canções mais celebradas, pedia para o Brasil mostrar a sua cara. Ela está aí, à vista de todos.

Fonte: Revista Veja (25/12/2013, data de capa)

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Três momentos do 4º Natal Encantado de Morungaba


No último dia 29 de novembro, sexta-feira, seguindo a programação do 4º Natal Encantado de Morungaba,, aconteceu a apresentação de ballet “Festa no Vilarejo de Coppelia", do projeto de dança da Ação Social e Studio de Dança AG. 




Os jovens se apresentaram no palco montado especialmente para o evento na Praça João Pessoa e teve participação maciça do público, segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal da Estância Turística de Morungaba, que também divulgou fotos do evento.




Já no dia 30 de novembro realizou-se o "Natal de Todas as Cores", com a apresentação das escolas municipais, dentre elas o teatro “O Nascimento de Jesus”, a apresentação de dança “Alegria do Natal” e outras mais. 

No dia 1º de dezembro, domingo, tivemos a Orquestra do Conservatório Integrado de Amparo, com a participação do Coral "Em Canto", Coral Infantil Municipal e da cantora Ciça Baradel.



Assistiram as apresentações em torno de duas mil pessoas, segundo os organizadores.

 “Agradeço o empenho de todos os participantes na realização deste evento: dos alunos, professores, coordenadores e diretores envolvidos, dos funcionários municipais e voluntários que trabalharam e trabalham muito para que tudo se concretize com a perfeição e magia que o Natal merece”, comentou Ana Paula Zem, idealizadora do projeto. 

domingo, 1 de dezembro de 2013

Prêmio JK - Beto Zem está entre os 30 melhores prefeitos do Brasil

O prefeito da Estância Climática de Morungaba, José Roberto Zem, recebeu na semana passada o prêmio JK “Juscelino Kubitscheck”. O evento realizado pela Premium Brasil Congressos e Eventos Nacionais, que em sua décima edição, premiou os 30 melhores prefeitos de todo Brasil, após 6 meses de estudos e pesquisas, segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura.

O Prêmio Juscelino Kubitschek leva em consideração medidas que demonstram sensibilidade social e compromissos com metas assumidas de desenvolvimento sustentável; empreendedorismo do prefeito, dinamismo e adoção do orçamento participativo; resultados expressivos e gerenciamento estratégico, com boas práticas; implantação de programas de captação; elaboração de redes sociais para benefício dos mais humildes; ação efetiva de gastos e transparência na aplicação; controle efetivo para redução da mortalidade infantil; cumprir a lei de responsabilidade fiscal; vocação educadora da administração do município; executar metas nas áreas de saúde e educação.

As pesquisas realizadas são baseadas em fontes relacionadas à administração pública municipal e estadual e meios de comunicação relacionados a administração como sites, jornais, blogs e internet.
“Este prêmio, que muito me honra, é um forte indicativo que a atual administração esta no rumo certo e dedico à minha equipe de trabalho e a todos os funcionários da prefeitura, que muito me ajudam a atingir os nossos objetivos, pois não fazemos nada sozinhos nesta vida”, finalizou Beto Zem.

Fonte: Fernando Flaiban - Assessor de Imprensa - Prefeitura Municipal da Estância Climática de Morungaba. Texto divulgado dia 27/11/2013.

Opinião - Sinais alarmantes - Fernando Henrique Cardoso


FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Finalmente se fez justiça no caso do mensalão. Escrevo sem júbilo: é triste ver na cadeia gente que em outras épocas lutou com desprendimento. Eles estão presos ao lado de outros que se dedicaram a encher os bolsos ou a pagar suas campanhas à custa do dinheiro público. Mais melancólico ainda é ver pessoas que outrora se jogavam por ideais - mesmo que controversos - erguerem os punhos como se vivessem uma situação revolucionária, no mesmo instante em que juram fidelidade à Constituição. Onde está a revolução? Gesticulam como se fossem Lenines que receberam dinheiro sujo, mas o usaram para construir a "nova sociedade". Nada disso: apenas ajudaram a cimentar um bloco de forças que vive da mercantilização da política e do uso do Estado para se perpetuar no poder. De pouco serve a encenação farsesca, a não ser para confortar quem a faz e enganar seus seguidores mais crédulos.

Basta de tanto engodo. A condenação pelos crimes do mensalão deu-se em plena vigência do Estado de Direito, num momento em que o Executivo é exercido pelo Partido dos Trabalhadores (PT), cujo governo indicou a maioria dos ministros do Supremo. Não houve desrespeito às garantias legais dos réus e ao devido processo legal. Então, por que a encenação? O significado é claro: eleições à vista. É preciso mentir, autoenganar-se e repetir o mantra. Não por acaso, a direção do PT amplifica a encenação e Lula diz que a melhor resposta à condenação dos mensaleiros é reeleger Dilma Rousseff... Tem sido sempre assim, desde a apropriação das políticas de proteção social até a ideia esdrúxula de que a estabilização da economia se deveu ao governo do PT. Esqueceram as palavras iradas que disseram contra o que hoje gabam e as múltiplas ações que moveram no Supremo para derrubar as medidas saneadoras. O que conta é a manutenção do poder.

Em toada semelhante, o mago do ilusionismo fez coro. Aliás, neste caso, quem sabe, um lapso verbal expressou sinceridade. "Estamos juntos", disse Lula. Assumiu meio de raspão sua fatia de responsabilidade, ao menos em relação a companheiros a quem deve muito. E ao País, o que dizer?

Reitero, escrevo tudo isso com melancolia, não só porque não me apraz ver gente na cadeia, embora reconheça a legalidade e a necessidade da decisão, mas principalmente porque tanto as ações que levaram a tão infeliz desfecho como a cortina de mentiras que alimenta a aura de heroicidade fazem parte de amplo processo de alienação que envolve a sociedade brasileira. São muitos os responsáveis por ela, não só os petistas. Poucos têm tido a compreensão do alcance destruidor dos procedimentos que permitem reproduzir o bloco de poder hegemônico; são menos numerosos ainda os que têm tido a coragem de gritar contra essas práticas. É enorme o arco de alianças políticas no Congresso cujos membros se beneficiam por pertencerem à "base aliada" de apoio ao governo. Calam-se diante do mensalão e das demais transgressões, como se o "hegemonismo petista" que os mantém fosse compatível com a democracia. Que dizer, então, da parte da elite empresarial que se ceva dos empréstimos públicos e emudece diante dos malfeitos do petismo e de seus acólitos? Ou da outrora combativa liderança sindical, hoje acomodada nas benesses do poder?

Nada há de novo no que escrevo. Muitos sabem que o rei está nu e poucos bradam. Daí a descrença sobre a elite política reinante na opinião pública mais esclarecida. Quando alguém dá o nome aos bois, como, no caso, o ministro Joaquim Barbosa, que estruturou o processo e desnudou a corrupção, teme-se que, ao deixar a presidência do STF, a onda moralizante dê marcha à ré. É evidente, pois, a descrença nas instituições. A tal ponto que se crê mais nas pessoas, sem perceber que por esse caminho voltaremos aos salvadores da Pátria. São sinais alarmantes.

Os seguidores do lulopetismo, por serem crédulos, talvez sejam menos responsáveis pela situação a que chegamos do que os cínicos, os medrosos, os oportunistas, as elites interesseiras que fingem não ver o que está à vista de todos. Que dizer, então, das práticas políticas? Não dá mais! Estamos a ver as manobras preparatórias para mais uma campanha eleitoral sob o signo do embuste. A candidata oficial, pela posição que ocupa, tem cada ato multiplicado pelos meios de comunicação. Como o exercício do poder se confundiu, na prática, com a campanha eleitoral, entramos já em período de disputa. Disputa desigual, na qual só um lado fala e as oposições, mesmo que berrem, não encontram eco. E sejamos francos: estamos berrando pouco.

É preciso dizer com coragem, simplicidade e de modo direto, como fizeram alguns ministros do Supremo, que a democracia não se compagina com a corrupção nem com as distorções que levam ao favorecimento dos amigos. Não estamos diante de um quadro eleitoral normal. A hegemonia de um partido que não consegue deslindar-se de crenças salvacionistas e autoritárias, o acovardamento de outros e a impotência das oposições estão permitindo a montagem de um sistema de poder que, se duradouro, acarretará riscos de regressão irreversível. Escudado nos cofres públicos, o governo do PT abusa do crédito fácil que agrada não só aos consumidores, mas, em volume muito maior, aos audaciosos que montam suas estratégias empresariais nas facilidades dadas aos amigos do rei. A infiltração dos órgãos de Estado pela militância ávida e por oportunistas que querem beneficiar-se do Estado distorce as práticas republicanas.

Tudo isso é arquissabido. Falta dar um basta aos desmandos, processo que, numa democracia, só tem um caminho: as urnas. É preciso desfazer na consciência popular, com sinceridade e clareza, o manto de ilusões com que o lulopetismo vendeu seu peixe. Com a palavra as oposições e quem mais tenha consciência dos perigos que corremos.

* SOCIÓLOGO, FOI PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Fonte: O Estado de S. Paulo, 1/12/2013.

Opinião - A autoridade do fracassso - Elio Gaspari


ELIO GASPARI


Oito ex-ministros da Fazenda da farra inflacionária pedem ao STF que proteja a banca da cobiça dos poupadores.

São inúmeras as contribuições dadas pelo economista Pedro Malan aos bons costumes nacionais, mas de todas a mais bem-humorada é sua afirmação de que "no Brasil, até o passado é incerto". Na batalha da banca para derrubar no Supremo Tribunal Federal os pleitos dos poupadores tungados pelos planos econômicos do final do século passado, entrou um manifesto de 13 ex-ministros da Fazenda e 11 ex-presidentes do Banco Central prevendo a ruína nacional caso o sistema financeiro seja desatendido.

Debulhando-se a lista dos signatários vê-se como o passado é incerto. No "Clube dos 24", os ex-ministros da Fazenda signatários são 13. Deles, cinco têm a autoridade do desempenho para falar em defesa da moeda, pois restabeleceram seu valor e nunca mexeram no bolso do quem guardou sua poupança nas cadernetas. São Fernando Henrique Cardoso, Pedro Malan, Rubens Ricupero, Ciro Gomes e Antonio Palocci. Restam oito. Todos, com exceção de Delfim Netto na sua primeira encarnação de czar da economia (1967-1974), entraram no cargo prometendo conter a inflação e foram-se embora deixando para o sucessor uma taxa mais elevada ou ainda na faixa dos quatro dígitos. Considerando-se que a inflação brasileira não foi provocada pelos ciclistas nem pelas pessoas que poupavam nas cadernetas, é ilustrativo voltar ao legado de cada um dos doutores-signatários:

Ernane Galvêas chegou ao ministério em 1980 e saiu em 1985. Foi condômino da segunda encarnação de Delfim. Fechou seu primeiro ano com a inflação em 110%, medida pelo IGP-DI da Fundação Getulio Vargas. Em 1984 ela foi para 223%.

Luiz Carlos Bresser-Pereira foi para a Fazenda em abril de 1987 e saiu em dezembro. No ano, a inflação chegou a 415%. Nesse período ele concebeu o Plano Bresser, que foi o primeiro avanço sobre a remuneração da poupança.

Mailson da Nóbrega ficou no cargo de maio de 1987 a março de 1990. Em 1988 a inflação chegou a 1.037%. Ele concebeu o Plano Verão e, ao final de 1989 o IGP-DI fechou em 1.782%.

Zélia Cardoso de Mello conduziu os Planos Collor 1 e 2. Ficou no cargo de março de 1990 a maio de 1991. Em 1990 a inflação ficou em 1.476%.

Marcilio Marques Moreira assumiu em maio de 1991 e foi embora em outubro de 1992. Nesse ano o IGP-DI ficou em 1.157%.

Gustavo Krause e Paulo Haddad estiveram poucos meses no ministério, entre o final de 1992 e o início de 1993, ano em que a inflação chegou a 2.708%.

Na carta os ex-ministros lembraram: "Em alguns meses, a inflação mensal anualizada superou 10.000%". É claro, pois aquilo foi coisa dos ciclistas.

O manifesto poderia ter sido assinado pelos cinco ex-ministros capazes de dizer que, tendo reequilibrado as finanças nacionais, usam a própria autoridade para recomendar ao Supremo que dê razão à banca. Seria possível discordar deles, mas não se lhes poderia contestar os currículos. Quando aos cinco juntaram-se oito cavaleiros da ruína, formou-se um bloco. Certamente, não é o desempenho que os une. É a defesa dos bancos. Ganha uma viagem a Paris quem souber de outro tema capaz de gerar semelhante coesão.

A obra dos doutores está na tabela do texto "Índices de Preços no Brasil", no portal do Banco Central.

SUPERDIRCEU

O comissário José Dirceu foi contratado por R$ 20 mil mensais para trabalhar no hotel Saint Peter, que pertence a Paulo Masci de Abreu. O empresário tem oito rádios em São Paulo e seu irmão preside o PTN, partido ectoplásmico que apoia a doutora Dilma.

Abreu é um empresário discreto e a contratação do novo gerente deu-lhe fama. Que os santos o protejam, bem como à rede associada aos seus interesses. Em 2003, Marcos Valério era um bem-sucedido publicitário, desconhecido fora de Belo Horizonte.

PERDERAM O TREM

Se os doutores Geraldo Alckmin e Fernando Haddad não tivessem ido para Paris em junho passado para defender a realização da Expo 2020 na cidade, ela não teria sido eliminada na primeira rodada da votação que escolheu Dubai. Eles teriam ficado em São Paulo fazendo seu serviço, até porque naqueles dias seria possível tratar as manifestações contra as tarifas de transporte de uma forma racional.

Pelo menos um deles foi advertido: "V.D.M."

Da viagem resultou a inesquecível apresentação da dupla cantando "Trem das Onze", resgatada pelo repórter Fernando Mello.

Adoniran Barbosa mostrou-se profético:

"Não posso ficar nem mais um minuto com você

(...) Tenho minha casa para olhar".

ERRO

Estava errada a informação aqui publicada segundo a qual um rabino teria rogado praga contra a descendência de Joseph Kennedy em 1941, quando ele viajava num transatlântico para os Estados Unidos. O episódio teria ocorrido antes da guerra, e Kennedy viajava sozinho. Em 1941 o Atlântico estava infestado por submarinos alemães.

O PROBLEMA É QUE A BANCA QUER PAGAR ZERO

A briga dos poupadores lesados nos planos econômicos do século passado virou uma guerra de cifras. O "Clube dos 24" argumenta que, se as vítimas forem indenizadas, os bancos perderão R$ 100 bilhões. Noutra conta, seriam R$ 150 bilhões, mas há um estudo que fala em R$ 600 bilhões. Tamanha disparidade num cálculo de banqueiros sugere que ele foi contaminado por um impulso terrorista. As provisões dos bancos protegendo-se contra esse mau momento, expressas em seus balanços, fica em R$ 18 bilhões.

No coração do litígio estão as mudanças feitas no cálculo da correção monetária, que afetou a remuneração das cadernetas nas primeiras semanas dos planos. Um cidadão que em janeiro de 1987 tinha na poupança mil cruzados (a moeda da época), perdeu 204 cruzados na remuneração de 15 dias de fevereiro de 1987. Tomou uma tunga que hoje está em R$ 880.

Esse litígio deverá ser encerrado pelo STF no ano que vem. Ele se arrasta há mais de 20 anos, porque a banca quer pagar zero, noves fora os honorários de seus advogados. Eles perderam em quase todas os tribunais, inclusive no STJ e, em dois lances de pura chicana, junto ao STF.

As vítimas dizem que perderam na remuneração das cadernetas durante algumas semanas. Os bancos respondem que os poupadores perderam numa fase e ganharam mais adiante. Há na praça uma ideia que elimina a argumentação terrorista e simplifica o debate. O Supremo poderia determinar que os poupadores sejam ressarcidos a partir de um cálculo baseado num só índice (o IPC, por exemplo), durante todos os períodos que duraram as mágicas. Em vez de discutir se cartola produz coelho, expurga-se o truque.

Nesse caminho, quem entende de banco assegura que a conta deveria ficar nuns R$ 50 bilhões. Em cima disso, os ministros deveriam decidir se, além da correção monetária e dos juros contratados, os bancos devem pagar juros de mora pela duração do litígio. Essa é outra conta e outra discussão.

Fonte: Folha de S. Paulo, 1/12/2013.

Opinião - A caminho do matadouro - Eliane Cantanhêde


ELIANE CANTANHEDE

BRASÍLIA - Depois de amargar a longa exposição do mensalão e dos mensaleiros, o PT agora lustra seus troféus para 2014: o mineiro Eduardo Azeredo e o mensalão tucano.

Na versão corrente, uma coisa era uma coisa e a outra coisa era exatamente a mesma coisa: o publicitário Marcos Valério testou o mensalão nas campanhas do PSDB em Minas e o aperfeiçoou na campanha do PT e no governo de Lula em Brasília.

Azeredo, ex-governador, ex-senador, ex-presidente nacional do PSDB e atual deputado federal, está a caminho do matadouro, quer dizer, do julgamento do Supremo. E em meio à prisão dos mensaleiros petistas, à votação dos embargos infringentes no primeiro semestre de 2014 e à eleição de outubro.

Os discursos políticos já estão prontos nas duas pontas. Os petistas vão comparar a situação de Azeredo à de José Dirceu, e os tucanos vão forçar a comparação dele com a do então presidente Lula.

Os petistas desfraldarão a teoria do "domínio do fato": Dirceu não assinou nada, não há um telefonema gravado, uma reunião filmada, nenhuma mala de dinheiro fotografada na Casa Civil, mas os ministros da mais alta corte do país concluíram que seria impossível haver mensalão sem ele. Logo, o mesmo vale para o candidato e depois governador Azeredo.

Já os tucanos arguirão com unhas e dentes que Lula era o candidato e o presidente, mas nunca soube nem ouviu falar de nadica de nada do que ocorria à sua volta e nunca foi processado. Logo, o mesmo princípio vale para Azeredo. Um era presidente, e o outro, governador.

O que que eu acho? Não acho nada. O Supremo é o foro constitucional para julgar e o que os 11 ministros decidirem, eu, tu, nós e eles todos simplesmente acataremos.

PS - A crise da Petrobras reaviva uma frase atribuída a Quércia: "Quebro o Banespa, mas elejo o Fleury".

elianec@uol.com.br

Fonte: Folha de S. Paulo, 1/12/2013.

Opinião - O PSDB deve explicações - Rogério Gentile

ROGÉRIO GENTILE
SÃO PAULO - Aécio promoveu um showzinho anteontem em Brasília para defender o PSDB de São Paulo das suspeitas de roubalheira nas obras do metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Fez cara de indignado, acusou o governo federal de manipular as instituições para enxovalhar adversários e até cobrou a substituição do ministro da Justiça. Só faltou levantar o punho fechado para o alto.
Embora o presidenciável tenha tentado reduzir o caso a uma simples perseguição política, como fez e ainda faz o PT no mensalão, o escândalo das licitações metroferroviárias em São Paulo é muito mais grave do que isso e recai sobre três governos do PSDB (Covas, Alckmin e Serra).

Três pontos são inquestionáveis. O primeiro é que a multinacional Siemens confessou ter atuado em um cartel entre 1998 e 2008 com o objetivo de partilhar obras e elevar o preço das concorrências em São Paulo. Gigantes como a Alstom, a Bombardier, a CAF e a Mitsui teriam integrado o esquema. O segundo é a condenação, na Suíça, de um ex-diretor da CPTM acusado de lavar dinheiro de corrupção. Por fim, uma conta atribuída a Robson Marinho, que foi chefe da Casa Civil de Covas, foi bloqueada no mesmo país por suspeita de ter recebido propina.

Ainda que tenha ocorrido manipulação política em torno do caso (o ex-diretor da Siemens citou ou não políticos tucanos como beneficiários de corrupção?), é falacioso dizer, como fez Aécio, que tudo não passa de uma reedição do episódio dos "aloprados", quando petistas foram presos com dinheiro que seria usado para comprar um dossiê contra Serra.
As investigações estão apenas no começo e ainda há muita coisa a esclarecer. Mas é difícil acreditar que um cartel desse porte tenha conseguido burlar ao menos cinco licitações bilionárias em SP sem a conivência de autoridades, de maior ou menor escalão. Por mais que Aécio tente confundir as coisas, o fato é que o PSDB deve explicações.
    Fonte: Folha de S. Paulo, 28/11/2013.

Opinião - Aguardam-se as palavras de Lula sobre mensalão - Vinicius Mota


VINICIUS MOTA

SÃO PAULO - O braço esquerdo erguido, o punho cerrado. O discurso da vítima, do líder perseguido pela elite, do preso político. Um punhado de militantes mostra solidariedade às portas do cárcere. Entoa-se o hino da Internacional Socialista. O PT publica nota de repúdio ao tribunal.

Pipocam, enfim, lances mais explícitos da política como paixão no longo, e quase fleumático, processo do mensalão. E eles não são lá grande coisa. As massas não acudiram às ruas para abraçar José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares. Estavam engarrafadas no feriadão.

A hipocrisia, dizia La Rochefoucauld, é uma homenagem que o vício presta à virtude. Enquanto fazia acenos esporádicos aos líderes caídos, o mandachuva petista, Luiz Inácio Lula da Silva, girava a manivela da engrenagem recicladora.

As pedras de mó esmagaram não apenas algumas das figuras fundadoras do PT. Lula também aproveitou o escândalo para diluir o que restava de modernizante em seu partido. A substituta de Dirceu tornou-se emblema do fim da oposição ao varguismo e, especialmente após a queda de Palocci, à política econômica dirigista que marcou a ditadura militar sob Geisel.

Para evitar o impeachment, Lula abriu os braços a oligarcas e representantes do atraso no país. Sarney, Collor, Maluf e Renan são hoje amigos do peito do ex-presidente petista. Eles estão soltos. Dirceu e Genoino estão presos. Faz sentido.

Por isso, aguardam-se ansiosamente as palavras prometidas por Lula da Silva acerca do mensalão. Vão confirmar a entrevista de Paris, em 2005, quando jogou o PT aos leões a fim de preservar o mandato? Foram as mais sinceras frases já pronunciadas por ele sobre o caso.

Queimaram-se, afinal, uns poucos fusíveis para proteger a casa de máquinas. No reacender das luzes, Lula, enfim, enxergou o seu lugar na velha política brasileira.

vinimota@uol.com.br

Fonte: Folha de S. Paulo, 18/11/2013.

Opinião - Qual a culpa de Genoino? - Marcelo Coelho


QUESTÕES DE ORDEM

MARCELO COELHO - coelhofsp@uol.com.br

Genoino não roubou, fez o que lhe pareceu mais certo, sem pensar em vantagens. Mas inocente não era.

Dói muito ver a prisão de uma pessoa com o passado de José Genoino. Está muito acima, pelo caráter, pela coerência, pela simplicidade, da grande maioria dos políticos brasileiros.

Não enriqueceu, nem quis enriquecer, com os cargos que ocupou. Na linguagem de todos os dias, corrupto é aquele que recebe propinas ou favores. Com toda certeza, Genoino não é dessa laia.

Mas foi condenado de forma praticamente unânime no STF. Até por Dias Toffoli. Dos dez ministros, somente Ricardo Lewandowski o absolveu.

Qual o crime? Corrupção. Pela lei, não se pune somente quem recebe dinheiro, mas também quem oferece.

Os ministros se basearam nos testemunhos dos autos. Começaram rejeitando os argumentos do Ministério Público, que acusava Genoino de ter corrompido parlamentares do PMDB e do PL. Não havia nenhuma menção concreta a tratativas de Genoino com esses partidos. Até por isso, Delúbio terminou com uma pena maior do que ele.

Houve, entretanto, encontros de Genoino com líderes do PTB e do PP. Políticos como José Janene, Pedro Henry, Emerson Palmieri, Pedro Corrêa e, vá lá, Roberto Jefferson contam isso.

Lewandowski absolveu Genoino afirmando que, afinal de contas, todos esses testemunhos vinham de réus do processo também. Em tese, esse tipo de depoimento vale pouco, porque é plausível que um réu acuse outro para livrar a própria pele.

Não era o caso, porque tanto Genoino quanto esses réus seguem a mesma linha de argumentação. Havia encontros, sim, mas tudo se resumia a tratar de acordos políticos, não se discutiu ajuda financeira.

Quando a história é contada mais detalhadamente, vê-se que o problema financeiro estava o tempo todo em pauta. O político Vadão Gomes, que nem era réu, conta que, numa conversa com Genoino, Delúbio, Pedro Henry e Pedro Corrêa, discutiu-se a necessidade de ajuda em dinheiro para o PP, com vistas às eleições de 2004. Outro parlamentar do PP, o falecido José Janene, testemunhou sobre reunião em que Genoino, e apenas ele, representava o PT.

O PP ainda alegava ter problemas para pagar a conta de advogados, contratados para defender parlamentares do partido. Entre eles, Ronivon Santiago, que confessara ter recebido propina para votar a favor da reeleição de Fernando Henrique Cardoso.

O bom PT prontificou-se a resolver isso. Três milhões resolveriam. Advogados caros, esses.

Pode-se chamar esse tipo de combinação um "acordo meramente político"? Foi o que fizeram todos os réus. Mas prometer dinheiro em troca de apoio pode ser melhor chamado de corrupção, e foi isso o que concluíram nove ministros do STF.

Também as necessidades do PTB, com relação aos gastos na campanha que se aproximava em 2004, foram discutidas com José Genoino presente. A promessa, antiga, era de R$ 20 milhões para que o PTB apoiasse Lula.

Jefferson conta ter avisado Genoino: uma quantia dessas seria alta demais para ser considerada apenas "caixa 2" - doações de empresários por baixo do pano. Entenda-se: empresários não dariam tanto dinheiro assim. Genoino teria respondido que o repasse seria feito de partido a partido, ou como contribuição de empresas ao fundo partidário.

Ignorava tudo? Dificílimo de acreditar. Qualquer pessoa, mesmo com menos experiência política do que José Genoino, sabe perfeitamente que, numa conversa "política" assim, programas e ideologias não são exatamente o prato principal.

A ministra Cármen Lúcia manifestou pesar pela condenação de Genoino. Mas não estamos julgando histórias pessoais, disse ela. Estamos julgando as provas dos autos.

Ela reexamina os depoimentos. Todos concordam: as finanças do PT estavam "em frangalhos" em 2002. Como é possível, pergunta ela, que do início de 2003 até meados de 2005 o PT passasse a ter tanto dinheiro, sem José Genoino perguntar de onde vinha, como foi conseguido?

Três milhões vinham do Banco Rural, através de um empréstimo avalizado por Marcos Valério e Delúbio Soares. O empréstimo foi considerado fictício, apenas uma maneira de Marcos Valério esquentar o dinheiro que recebera do Banco do Brasil.

Lewandowski foi à carga. Consta dos autos que pelo menos uma parcela desse empréstimo foi de fato paga pelo PT; não era uma fraude, portanto. Ayres Britto interveio. Sim, uma parcela foi paga... mas em 2012! Quando o processo do mensalão já corria com mais ritmo, interessando a todos dar credibilidade às teses da defesa.

José Genoino também foi avalista desse empréstimo do PT com o Banco Rural, quando ocorriam as renovações do crédito, a cada três meses.

Certo, não entendia de finanças. Como presidente do PT, tinha de cumprir, pelo estatuto, o dever de assinar aquele tipo de coisa.

Observo que não é à toa que o estatuto exige a assinatura do presidente do partido. Um nome como o de José Genoino não se construiu aos poucos; está lá, justamente, para dar credibilidade e honradez aos atos partidários. Quantos não se deixaram enganar, vendo que "até o José Genoino" endossava esses acordos "políticos" negociados no balcão de Jefferson, Janene e Companhia?

O crime maior, que o PT cometeu contra a própria credibilidade, mas em favor de reformas econômicas que negavam o seu programa, foi ter-se envolvido em acordos com a escória da política brasileira. Há quem ache que valeu a pena, pensando no desempenho do governo Lula, há quem ache que não.

Quem resolve dar festa num chiqueiro termina sujo também. José Genoino não roubou, José Genoino fez o que lhe pareceu mais certo, sem pensar em vantagens financeiras pessoais. Mas inocente não era.

Fonte: Folha de S. Paulo, 21/11/2013.

Opinião - O partido das brechas - Janio de Freitas



JANIO DE FREITAS

Documento do PT para seu congresso faz afirmações que indicam uma falta de realismo incompreensível

O PT parece estar vendo com mais nitidez a si mesmo do que às circunstâncias a que estamos todos sujeitos no Brasil. Se o documento básico para as discussões do congresso partidário, em dezembro, reconhece a estagnação do PT, também faz afirmações que indicam uma falta de realismo incompreensível.

Na opinião talvez mais forte em suas apreciações do Judiciário, por exemplo, a análise acusa-o de ser, ou de estar, "permeado por interesses privados". Qual dos poderes no Brasil não está "permeado por interesses privados"? Ou qual dos governos brasileiros recusou-se a tal condição?

Sem perder maior tempo com citação a evidências, basta citar, a propósito, as telecomunicações privatizadas no governo Fernando Henrique e elevadas no governo Lula à posição, no mundo, de mais exploradoras dos consumidores. Assim mantidas, aliás, no governo Dilma, com a continuação também do péssimo serviço. Sem problemas por isso. O mesmo para a internet. E como as telecomunicações a permearem o governo e o Congresso, também o sistema bancário, a indústria automobilística, a indústria farmacêutica, os planos de saúde, as empreiteiras de obras públicas, e por aí ao infinito.

O PT não sabe mais que o Brasil adota o regime capitalista ou esqueceu que, assim sendo, os poderes institucionais estão a serviço da natureza do regime. Mas tal perda da percepção ou da memória favorece, no caso, o entendimento do que se passa com esse partido. O PT não sabe mais que se fez por se propor a aproveitar umas e abrir outras brechas, com ideias e conquistas batalhadas, no regime destinado a "permear-se por interesses privados".

O atual PT se autoexplica na sua desmemória.

ALIADOS

A pauta de julgamentos do Supremo para amanhã prevê a retomada de um caso simbólico. É o da reposição, ou não, das perdas sofridas pelos milhões que acreditaram nas garantias oficiais das cadernetas de poupança, e de repente se viram surripiados por dois planos econômicos no governo Sarney e mais dois no governo Collor. Neste último, um deles foi o sequestro de poupanças e depósitos em conta corrente, que deixou um rastro de desgraças pessoais e empresariais. Mas, por ser Brasil, não levou nenhum dos seus autores para a cadeia.

O Banco Central e o Ministério da Fazenda são aliados dos bancos, contra as ações de ressarcimento movidas por 400 mil dos poupadores usurpados. O governo se alia aos planos que o PT e Lula chamaram de assalto à poupança do trabalhador e dos donos de pequenos negócios.

BOA COISA

Vale a pena apoiar o Bom Senso F.C. É muito bonito esse movimento que os jogadores de futebol fazem com criatividade, por melhorias na direção do seu esporte profissional e, logo será assim, na ética bastante escassa em sua prática. Sentarem-se todos em campo por alguns segundos, iniciarem o jogo como em câmera lenta: atitudes tão passivas e tão expressivas.

É mais um movimento que nasce e se desenvolve à margem de partidos políticos e de pretensas representações oficiais. E, tudo indica, inatingível pela ação desarticuladora do "black bloc".

Fonte: Folha de S. Paulo, 26/11/2013.

Opinião - ´Prisão é para todo mundo´ - Eliane Cantanhêde



ELIANE CANTANHÊDE

BRASÍLIA - As manchetes, romarias à Papuda, críticas e elogios ao STF e o "ame-o ou deixe-o" em relação a Joaquim Barbosa estão concentrados nos três presos do PT, mas vale ler a entrevista do ex-deputado do PP Pedro Corrêa ao repórter Hugo Marques, da revista "Veja".

Ele diz que nunca teve problema com a polícia e a Justiça, nem mesmo um cheque sem fundo, mas hoje está em casa pronto para ser preso a qualquer momento. E é aquela história: ou a prisão de todos os mensaleiros (de esquerda e de direita) é injusta, ou a de nenhum deles é, certo?

Condenado a sete anos e dois meses, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Pedro Corrêa não é nenhum ícone petista como Dirceu nem foi torturado como Genoino, mas ele também é gente... E também é mensaleiro... E também foi condenado pelo Supremo... E, como eles, também vai ter de cumprir a pena...

Se Genoino e Dirceu se entregaram com os punhos cerrados, definindo-se como "presos políticos", o quase anônimo Corrêa, velho malufista e ex-integrante da tropa de choque de Collor, admite, civicamente, que não é nada disso: "Não me considero um preso político de maneira alguma. Eu fui julgado por um tribunal que não é um tribunal de exceção, é um tribunal constitucional, legítimo".

Avisa que vai passar o resto da vida jurando que o mensalão não existiu e que sua condenação é injusta: "Não sou corrupto". Até aí, sem novidade. Nenhum preso, em sã consciência, diz o contrário. Mas ele não se faz de vítima política, de mártir do sistema, de santo perseguido pelo demônio Joaquim. Nem tem uma legião de militantes para atacar a Justiça como manobra para defendê-lo.

Aponta até uma "coisa positiva" em tudo isso: "Sempre se disse que prisão é para preto, pobre e pardo. Estamos vendo há algum tempo políticos e empresários presos. Isso mostra que a prisão é para todo mundo".

Como é médico, já tem até planos para passar o tempo entre as grades: vai cuidar dos outros presos.

Fonte: Folha de S. Paulo, 26/11/2013.

Opinião - O acerto de Dilma - Fernando Rodrigues


FERNANDO RODRIGUES

BRASÍLIA - A prisão de mensaleiros acabou tirando o destaque positivo de um veto presidencial recente. Há menos de duas semanas, Dilma Rousseff tomou uma decisão corajosa. Vetou por completo uma lei que pretendia regulamentar a criação de novas cidades no país.

O veto de Dilma foi a favor do Brasil e contra os políticos. O mais fácil seria resignar-se. Esconder-se atrás do discurso segundo o qual "o Congresso é soberano". Dezenas de milhares de políticos agradeceriam.

O Brasil tem hoje 5.569 cidades e Brasília (que não é cidade nem Estado, mas apenas uma anomalia na forma de erro histórico irreparável). Se fosse sancionada a lei aprovada por deputados e senadores, logo de saída, 269 novos municípios seriam irreparavelmente criados. É raríssimo uma cidade falida voltar a ser bairro do município de origem.

A farra custaria bilhões de reais. Essas 269 cidades poderiam ter uma média de dez vereadores cada uma (o número varia conforme o tamanho do distrito). Seriam 2.690 novas sinecuras. Sem contar os prefeitos, vice-prefeitos, secretárias, motoristas, assessores, verba de gabinete e outras mamatas. E o principal: o salário de cada um deles.

Em alguns países, cidades pequenas não pagam salários para seus legisladores. Nos EUA, várias Assembleias Legislativas nem sequer remuneram seus deputados estaduais. O costume no Brasil de dar um dinheirinho para essa turma se acentuou durante a ditadura militar --que precisava fidelizar os políticos à Arena. A democracia abraçou a pilantragem com fervor. Multiplicaram-se as cidades. Em 1980, havia 3.992 municípios no país. Agora, são os 5.569.

O mais cômodo para Dilma Rousseff teria sido sancionar a lei das cidades. Desfrutaria então de milhares de novos cabos eleitorais a seu favor, todos remunerados com o dinheiro dos impostos dos contribuintes.

Dilma tomou uma decisão antipopulista. É algo raro. Merece registro.

fernando.rodrigues@grupofolha.com.br

Fonte: Folha de S. Paulo - 27/11/2013.