segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Opinião - O prejudicado pode ser você - José Aparecido Miguel

A política e a economia dominam as conversas de todos nós. Será melhor se escolhermos, nas eleições de outubro e novembro, uma liderança que use a política e a economia para melhorarmos o calamitoso quadro social que existe no Brasil. Não é com blá, blá, blá e cara de mocinho que vamos sair de nossa crise, que tem muito de nós mesmos, mas está fortemente amarrada a uma cadeia de forças internacionais.
Fernando Henrique Cardoso deu importantes passos na condução do desenvolvimento e a história o reconhecerá - gostem ou não desta minha opinião. Desbancou lideranças atrasadas, do tipo Antonio Carlos Magalhães, que buscam novos apoios para voltar ao poder. Aliança política tem a ver com envolvimento político de quem dá o apoio. Por isso, desconfie de quem fala que não tem compromisso com ninguém. Se acreditar, será enganado.

Nosso mundo, como a política, é interdependente. Quando a companhia aérea American Airlines, dos Estados Unidos, anuncia a demissão de 7 mil empregados (quase a população de Morungaba), as bolsas caem, os investimentos retraem etc. As conseqüências se espalham pelo mundo. Isso tudo tem a ver com o seu feijão com arroz. Na crise atual, por exemplo, temos pouco crédito para o consumidor brasileiro. Ele compra menos, a indústria vende menos, o risco de desemprego é maior.

O Fundo Monetário Internacional, o conhecido FMI, controlado especialmente pelos Estados Unidos, emprestou 30 bilhões de dólares ao Brasil, para tentar garantir sua estabilidade econômica. Mesmo assim, os investidores, os especuladores, que atuam nos diversos países do mundo, fazem com que a ameaça persista. Querem confiança de que poderão ganhar dinheiro no País e usam o período eleitoral como foco de instabilidade. Como será com Lula? E com Serra? E com Ciro?

O próximo Presidente da República terá que ser muito preparado para considerar e melhorar o grave quadro social que vivemos - pobreza e mais pobreza - e entender a conjuntura internacional, para reduzir nossas perdas no confronto entre os poderes econômicos dos diferentes países. Não é nada simples.
Já se sabe, por estudo do economista Raul Velloso, que o próximo governo terá de garantir um crescimento de, pelo menos, 4,8% do PIB em 2003 se quiser atingir uma das metas estabelecidas pelo FMI. O tal de PIB é Produto Interno Bruto ou tudo que produzimos no País. Mas, segundo Velloso, a arrecadação vai cair R$ 14 bilhões no próximo ano, R$ 20 bilhões em 2004 e R$ 20 bilhões em 2005. Vale lembrar que a taxa de 4,8%, que precisamos, é o dobro da média de crescimento dos dois mandatos do presidente Fernando Henrique: 2,4% ao ano.

Outro ponto: a jornalista Claudia Mancini escreveu na Gazeta Mercantil, que a Associação Nacional de Manufaturas (NAM) dos Estados Unidos, a maior do setor industrial nos Estados Unidos, prevê que a exportação norte-americana de mercadorias para as Américas Central e do Sul vá passar dos atuais US$ 60 bilhões para US$ 200 bilhões ao ano com a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), prevista para 2005.
Como escreveu Clóvis Rossi, na Folha, é mais que razoável supor que boa parte desse aumento nas exportações norte-americanas terá como destino o Brasil - pelo simples fato de ser a maior economia da América Latina (fora o México, que já tem acordo de livre comércio com os EUA e, portanto, não será afetado pela Alca). "Já o Brasil, perderá US$ 1 bilhão ao ser implantada a Alca, conforme o único estudo abrangente até agora feito - sob encomenda da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo)". A Alca, claro, interessa aos Estados Unidos, de quem somos devedores.

Portanto, não se deixe levar por pesquisas duvidosas. Cuide bem do seu voto. Preste atenção nas propostas. A forma e a beleza não são o principal num Presidente da República. Considere o conteúdo do candidato. Nos próximos dias teremos todos eles na televisão. Olhos e, principalmente, ouvidos abertos. Escolha o mais preparado, pois o prejudicado pode ser você.


O Morungaba, 14 de agosto de 2002 - Publicado também no jornal "Acontece! Morungaba".

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