segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Opinião - Para comemorarmos - José Aparecido Miguel

Morungaba tem uma notícia a comemorar. Até o jornal O Globo, dia 23 de janeiro, fez referência positiva ao município. Como escrevi na reportagem de capa desta edição, com detalhes, Morungaba é um dos 16 primeiros municípios brasileiros que oferecem padrão de vida adequado para a população. Mais gente, portanto, vai associar o nossa estância climática a um fato positivo. Não é pouco. Agrega novo valor de qualidade ao município. É um tema para ser divulgado, uma peça de marketing de atração turística. Na média geral, a estância mereceu o sexto lugar entre os municípios paulistas de menor exclusão social. Destaca-se, significativamente, o baixo Índice de Violência aqui, que comprova comentários anteriores que fiz sobre pequenas e médias cidades. É óbvio que nem tudo é maravilha. Mas, avaliando cada aspecto, surpreende a pontuação máxima alcançada no Índice de Emprego Formal, que certamente considera uma margem de erro. Como estamos no Brasil - um país de contrastes - já não é surpresa o fraco desempenho no Índice de Desigualdade, ponto que todos precisamos melhorar. Importa, afinal, que o conjunto da avaliação é elogiável, tem a credibilidade de pesquisadores de três universidades e toma por base o Censo de 2000 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), outra instituição respeitada. Portanto, devemos comemorar.

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Quem deve estar comemorando é o presidente Lula. O chamado Índice de Satisfação do Cidadão, pesquisado pelo Instituto Sensus, para a Confederação Nacional dos Transportes, é atualmente de 53,8%, contra 49,4% em outubro. A primeira pesquisa sobre o novo governo - com duas mil pessoas nas cinco regiões do País - mostra que 83,6% dos entrevistados aprovam o governo Lula, 6,8% não aprovam e 9,7% não responderam.

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Nem tudo são flores, como sentiu o presidente do Partido dos Trabalhadores, José Genoíno, um político conhecido pela sua capacidade de diálogo, que levou uma torta na cara, durante o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, desferida por simpatizantes dos petistas. Ele explicava a importância da presença de Lula no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), que provocou críticas de uma ala do partido, aquela que combate a globalização e o sistema financeiro, como se fosse coisa simples. O precedente da torta na cara, um ato condenável, é ruim. Amanhã, quando a lua-de-mel com o novo governo acabar, abre espaço para violência. Que prevaleça o diálogo e a conversa, que pode ser séria e respeitosa.

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José Henrique Ferreira de Jesus foi crucificado esta semana. Perdeu sete pessoas da família na casa que a chuva derrubou em Taboão da Serra. Os deslizamentos e enchentes aconteceram também em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte etc., como muitos viram pela televisão. É um drama que se repete a cada Verão. Fala-se, fala-se agora. Depois, lá no Inverno, ninguém se lembra mais de dramas chocantes como o do brasileiro José. Como se sentiriam, diante dele, gente como os ex-prefeitos Paulo Maluf, Celso Pitta e atual prefeita Marta Suplicy, para citar alguns nomes. Será que sobra um segundo para que, constrangidos, façam um mea-culpa compreensível e pensem em providências preventivas e efetivas? Sei não! Marta, depois de Davos, preferiu dar uma esticada por Paris. Pobre José! Resta um alerta: como todos sabem, teremos chuvas também no Verão de 2004.


O Morungaba, 30 de janeiro de 2003. Publicado também no jornal “Acontece! em Morungaba”.

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